A busca por um tempo de solidão era só mais uma anestesia,
Anestesiando toda convivência sem vivência,
Escondendo aquela palavra engolida,
Mascarando toda história mal vivida.
O grito do peito era muito mais alto do que a voz podia alcançar,
Sufocar tudo aquilo era a pior das alternativas,
Mas aquela aflição nativa era uma força ativa
Que vinha não sei de onde e saia não sei o porquê.
Foi fácil fugir, na primeira, na segunda ou teceira vez,
Mas consciência uma vez desperta não sofre regresso
E pra todo aquele progresso que o mundo pregava
Meus olhos eram míopes, quase cegos.
Ao mesmo tempo que a cegueira quase dominava
Uma faísca brilhava no meio do caminho
Caminho torto e sem destino,
Porém contínuo, transitório e alinear.
Talvez um dia encontrassem a resposta perdida por aí,
Mas talvez essa resposta fosse outra pergunta.
E se a pergunta nem fizesse sentido? Será que a resposta faria?
Talvez o sentido de tudo era justamente não fazer sentido.
Gabriela Pontes de Paula