Aparecida

Mesmo que alguém morra, não morreu completamente. Dentro da mente ou do coração de um outro alguém ainda permanece. Se primeiro esse peito entristece de saudade, Depois lembra da verdade contida no ser que se foi. Tudo que foi ensinado permanece em forma de aprendizado. Toda risada se conserva em forma de som recente, que foi guardado. Os cabelos grisalhos são relembrados em fotos psicológicas. A paciência de um Buda era expressão da ciência não acadêmica. Toda vez que aparece é em forma de anjo, de asas e cabelos brancos. Aparecimento repleto de acalento e sem nenhum tormento. Aparição bem vinda, linda, cheia de vida, Vida diferente dessa, não terrena, mais serena, mais amena. Aparição aparecida sem parecer mentira. Apareceu Aparecida pra deixar saudades aos que ficam nessa vida. Dedicado à minha avó, Aparecida.

Gabriela Pontes de Paula

A busca

A busca maior do ser é o sentido. Uns buscam constantemente, outros inconscientemente, Lutando contra a mente ou tomando o poder dela, Pensando dentro de uma cela ou uma prisão psicológica, Onde a lógica é irracional e atemporal, Cronologia não existe e tudo que resiste faz parte do jogo. O topo é o objetivo da maioria, Maioria de sorriso coletivo e abrasivo, Ácido que corrói por dentro, Mentira que destrói a camada mais funda E afunda o externo que usa terno, Pra poder esconder o interno vestido com farrapos e trapos.

Gabriela Pontes de Paula

Retrato

Vem ver o vento soprar,
Presta bastante atenção na luz do luar.
Brinca com a brisa e esquece o pranto,
Solta esse medo que é tanto,
Desiste da agonia e dá lugar pra alegria.

Sorria, sorria que o tempo corre
Corre pra longe, corre pra onde a gente não alcança
Põe na balança, sorriso de criança cheio de esperança
Ou preocupação de adulto perdido no mundo?

Vai com calma e dá fôlego pra alma
Relaxa as ideias e põe fermento na imaginação
Deixa crescer, deixa fluir tudo o que te fizer sorrir
Se não for ‘o que’, deixar ser ‘quem’,
Quem te diga mais amém,
Quem te traga o que te faz bem.

Traz consigo também algo pra dividir comigo,
Pode ser material, mas melhor se for abstrato.
Gurda também aquele nosso retrato,
Pra depois lembrar do nosso reencontro
E perceber que tudo já estava pronto e ponto.

Gabriela Pontes de Paula